Derrotada na disputa pela medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Paris, Rafaela Silva fez um forte desabafo em suas redes sociais nesta terça-feira, 30, e revelou que tentou o suicídio há três anos. A judoca campeã olímpica nos Jogos do Rio-2016 disse que não se sentia mais capaz de praticar o esporte que ama e destacou que sua grande vitória na capital francesa foi voltar ao tatame em uma Olimpíada.
“Escrever algo nesse momento é muito difícil. Comecei a treinar judô há 27 anos atrás e hoje sigo treinando tão duro quanto antes, ou até mais. Gostaria de estar aqui apenas para agradecer o apoio de vocês com a concretização material da medalha. Mas hoje a minha medalha não está visível no meu pescoço, e sim no coração”, comentou a atleta.
“Há 3 anos atrás, por algumas ocasiões, tentei tirar a minha vida quando me encontrei em uma situação que achei que não poderia mais fazer judô. O judô é o que eu AMO fazer, e já era importante para mim antes mesmo da minha primeira aula. E tudo mudou depois dessa aula: não só a atleta que me tornei, mas também o ser humano que sou hoje”, acrescentou.
Depois de alcançar a glória com o ouro olímpico em casa, a carioca passou pelo pior momento da carreira ao ser flagrada no exame antidoping nos Jogos Pan-Americanos de 2019. Ela perdeu a medalha de ouro conquistada em Lima, no Peru, e ficou dois anos suspensa, punição que a tirou da Olimpíada de Tóquio.
A frustração pela perda da medalha em Paris-2024 foi grande, mas Rafa disse estar agradecida por sentir novamente o espírito dos Jogos Olímpicos.
“Em relação ao resultado, sinto que falhei por não ter conseguido uma medalha no fim da competição. Mas ao mesmo tempo, consigo dormir em paz, pois tenho a certeza que eu me entreguei 100% em cada competição do meu ciclo olímpico, e principalmente ontem: em cima do tatame em Paris-2024”. afirmou.
“Então só tenho que agradecer a Deus. Se hoje eu estou aqui novamente, vivendo esse sentimento olímpico, foi graças a ele. Agradeço à minha família, que independentemente da vitória ou da derrota, jamais me viraram as costas”, escreveu a bicampeã mundial.
“Agradeço ao meu clube, meus amigos, minha equipe multidisciplinar e aos meus parceiros e apoiadores que investem no meu sonho. São muitas pessoas envolvidas nesse processo. Vi muita gente se abdicando de diversas coisas para viver esse sonho junto comigo. E agradeço imensamente por isso”, finalizou a judoca.
*Em caso de pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (Centro de Valorização da Vida), que funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188 (ligação gratuita), por e-mail, chat ou pessoalmente.