O atletismo brasileiro começou sua trajetória nos Jogos de Paris-2024 com um resultado inédito. Em sua quarta participação olímpica, Caio Bonfim conquistou a medalha de prata na marcha atlética de 20km, em prova disputada na madrugada desta quinta-feira, 1º, no Brasil. Caior completou o percurso em 1h19min09, nona melhor marca de sua carreira. O equatoriano Brian Pintado foi o campeão, com 1h18min55, e o espanhol Alvaro Martin ficou com o bronze, com 1h19min11.
“Todo mundo que um dia viu a marcha disse isso é estranho. Para mim, era normal, minha mãe fazia marcha. Ela fez índice para Atlanta-1996, teve umas mudanças de critérios e ela não foi. Quando eu fui pra Londres eu falei para ela: ‘quem disse que você não foi para uma Olimpíada?’. E hoje, na nossa quarta Olimpíada, eu posso virar para minha mãe e falar: ‘Nós somos medalhistas olímpicos, nós somos medalhistas olímpicos!’”, disse Caio ao SporTV.
Caio é treinado pelos pais, João Sena e a ex-marchadora Gianetti Sena Bonfim, que têm um projeto de atletismo que desenvolve a marcha atlética e outras provas no Centro de Atletismo de Sobradinho (CASO), no Distrito Federal.
“Em Londres [2012] saí de cadeira de rodas, em 2016 [Jogos do Rio], em casa, fui quarto, em Tóquio 13º e hoje consegui a prata, um sabor especial. Estou muito feliz. Paris agora faz parte da minha história, Brasil, é mais uma medalha”, completou.
“Quando fui 13º em Tóquio, eu sentei comigo mesmo e falei: ‘é isso mesmo que você pode fazer? Ficar entre os dez primeiros do mundo é lindo, maravilhoso, tenho muito orgulho… mas você pode mais’. E eu fiz um compromisso comigo”, disse o medalhista, em entrevista à Cazé TV.
Marchando por Paris
A prova, com 49 atletas, começou às 3h (horário de Brasília), 8h em Paris, 30 minutos depois do horário programado, por causa da chuva forte que caia no Trocadero. A temperatura era de 22 graus, com umidade relativa do ar alta na casa dos 90%. O percurso (circuito fechado de 1 km) passava sob a Torre Eiffel, um dos locais mais visitados da França, sobre o rio Sena e pela Ponte D’Elena.
Caio largou na frente, mas tomou duas advertências logo no início e, na sequência, optou por vir no meio do pelotão. As posições de liderança, então, foram se alternando. Caio passou em 34º nos 5km, mas avançou no oitavo quilômetro. Na metade da prova, estava novamente na liderança. O brasileiro voltou a marchar no meio do pelotão, evitando punições. No km 15, vinha em segundo, atrás do equatoriano Brian Pintado.
O ritmo de prova, que foi mais lento no início, aumentou nos últimos cinco quilômetros. As posições seguiram se alternando. Caio passou o km 16 em nono e, em seguida, novamente na liderança. Caio fez um fim de prova dramático, levando a segunda falta por flutuação no km 17. Um grupo de quatro atletas brigou nos quilômetros finais, mas o brasileiro era o único pendurado. Com a experiência de quatro ciclos olímpicos, Caio assumiu a segunda posição no km 18, focou na técnica e manteve a colocação até cruzar a linha de chegada. “Sempre sofri com penalizações, mas sou brasileiro e não desisto. Consegui manter a técnica e vou levar a medalha para casa”, falou o atleta.
Caio ainda volta a competir nos Jogos de Paris. No próximo dia 7, às 2h30 (horário de Brasília), ele disputará o revezamento misto da maratona de marcha atlética, prova que estreia no programa olímpico, em parceria com Viviane Lyra.
*Com Confederação Brasileira de Atletismo