Aos 50 anos, a italiana Valentina Petrillo irá se tornar, em Paris, a primeira atleta transgênero a disputar uma edição dos Jogos Paralímpicos. A velocista, que tem deficiência visual, vai disputar as provas de 200m e 400m no atletismo na categoria T12.
Petrillo fez a transição de sexo em 2019 e desde então conquistou a medalha de bronze no Campeonato Mundial de 2023 nas duas provas que irá disputar na Paralimpíada da capital francesa. Antes da mudança de gênero, ela havia conquistado 11 títulos nacionais.
Em um comunicado, Petrillo preferiu não criar expectativas sobre sua participação nos Jogos Paralímpicos de Paris, já que ela não conseguiu se classificar para a edição de Tóquio.
“Ainda acho difícil acreditar e estou mantendo os pés no chão porque minha chance de participar em Tóquio foi perdida por um triz. Só vou pensar nos Jogos quando chegar em Paris”, disse ela.
A atleta foi diagnosticada com a doença de Stargardt aos 14 anos, uma condição que afeta a visão central e cria dificuldade para a percepção de detalhes e cores. Ela tem uma visão limitada quase 50 vezes menor do que de uma pessoa sem a deficiência.
A participação de Petrillo foi aprovada tanto pela Federação Internacional de Atletismo Paralímpico quanto pelo Comitê Paralímpico Internacional (IPC, na sigla em inglês). Presidente do IPC, o brasileiro Andrew Parsons destacou a importância de Petrillo participar e que está pronto para enfrentar críticas.
“Eu estou preparado para o criticismo. Às vezes, como indivíduo posso pensar uma coisa ou outra, mas precisamos respeitar a nossa constituição e as regras de cada esporte específico. As federações internacionais devem ser respeitadas. A World Para Athletics a autorizou a competir, então ela será recebida como qualquer outra atleta na competição. Nada mais justo que tratemos os atletas trans com respeito“, afirmou Parsons.