Nos boxes da Fórmula 1, uma revolução silenciosa está em curso. E ela não se mede apenas em décimos de segundo ou atualizações aerodinâmicas — mas em seguidores, engajamento e novas demografias que nunca foram protagonistas no paddock. Pela primeira vez, a categoria vê três em cada quatro novos fãs serem mulheres, e quase metade dos fãs da Geração Z se identificarem como tal. A audiência feminina já passa de 40% globalmente, enquanto 70% dos jovens entre 16 e 24 anos afirmam que a F1 representa estilo, identidade e status. Não é coincidência que esse movimento exploda justamente agora, na esteira de grandes produções como Drive to Survive, o aguardado filme com Brad Pitt e os novos conteúdos imersivos da F1 Academy na Netflix.
O resultado? Um novo ecossistema econômico e simbólico que impacta muito além das pistas. E, se o Brasil souber acelerar na hora certa, pode ser um dos grandes beneficiários dessa mudança de marcha global.
O novo ouro do paddock: visibilidade cultural e posicionamento estratégico
O novo fã da Fórmula 1 não assiste apenas às corridas — ele consome identidade. Trata-se de uma audiência digitalmente nativa, altamente conectada, politicamente consciente e com poder de influência. Marcas que antes ficavam à margem do esporte — como grifes de luxo, empresas de beleza, apps de mobilidade e logística, gigantes da tecnologia e até do petróleo — agora fazem fila para entrar nesse universo. O motivo? Estar associado à Fórmula 1 virou sinônimo de juventude, inovação e lifestyle aspiracional.
No Brasil, esse fenômeno pode inaugurar uma nova era para o automobilismo. Com a combinação certa de estratégia e narrativa, empresas que se conectam com esse público têm tudo para usar o esporte como plataforma de marca. Patrocinar um piloto, apoiar uma equipe local, ativar uma arquibancada temática e fazer conexão com outras marcas gerando mais oportunidades de negócio — tudo isso são caminhos para marcas que desejam não apenas vender, mas pertencer e expandir.
Mais do que visibilidade em adesivos de carro ou backdrops de pódio, o automobilismo agora oferece profundidade cultural, oportunidades de novos negócios e engajamento superior. E isso vale ouro na nova economia da atenção.
O que esperar do automobilismo nacional: oportunidades na pista e fora dela
Se a Fórmula 1 avança como fenômeno global, o Brasil tem nas mãos uma chance rara de renovar sua relação com o automobilismo. E não estamos falando apenas do retorno de um brasileiro ao grid — mas de reposicionar o Brasil como celeiro de talentos, experiências e criatividade no setor.
Aumento de investimentos em categorias nacionais com patrocínios mais diversos, maior interesse no kartismo nacional e maior oportunidade de negócios entre empresas que fazem parte do ecossistema automobilístico podem ser algumas frentes para prestar atenção no presente e futuro próximo:
O automobilismo nacional pode – e deve – ser o espelho dessa transformação. Mas, para isso, é preciso que o mercado brasileiro olhe para além do cockpit, entendendo que o carro mais rápido do mundo hoje também carrega os valores que as novas gerações querem ver cruzando a linha de chegada: diversidade, pertencimento e inovação.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BandSports.