Quem assiste às manobras de Rayssa Leal nas competições de skate pelo mundo afora vibra com o talento da brasileira, mas provavelmente não se dá conta do trabalho necessário para deixar pronto o palco onde a Fadinha e suas colegas brilham.
Em São Paulo para a realização do Super Crown, etapa final da temporada da Street League Skateboarding que começou neste sábado, 6, e que vai coroar o grande campeão do ano da SLS, o arquiteto Daniel Oristano, responsável pela estrutura armada no ginásio do Ibirapuera para a competição, conversou com exclusividade com o BandSports e contou sobre o processo de inspiração e criação das pistas.
“A gente tenta sempre se inspirar em elementos da cidade, da rua, obviamente. Tanto as bordas, principalmente, e as escadas, sempre tentamos pegar inspiração em ambientes urbanos”, comentou o profissional da Califórnia Skateparks e Insane Ramps. “E aí tem uma coisa importante também, que é sempre se adaptar à arena que a gente está inserido. Por exemplo, aqui é uma arena um pouco menor do que as outras que a gente monta fora. Então, a gente tem que adaptar o projeto ao tamanho da arena, porque [o espaço] não vai crescer, né? Então, a gente tem esse desafio também”, emendou.
“A gente tenta pegar elementos do local. Então, por exemplo, na [etapa] de Roland Garros, tentamos montar como se fosse uma arena de tênis. Se você olhar aquele projeto e a pista pronta, você vai ver que tem as linhas marcadas, parece que você está numa quadra de tênis, aí quando você vai ver, tem uma rampa, tem um corrimão. Então lá, por exemplo, foi essa inspiração”, explicou ele.
Belos desafios
Mais do que somente a parte estética do projeto, Daniel também precisa pensar nos desafios que a pista pode impor aos skatistas, resultando, consequentemente, em um espetáculo de manobras para os fãs que prestigiam a modalidade.
“Para o Super Crown, que é a final, a gente tenta sempre elevar o nível, trazer um pouco mais de desafio, e um nível maior de dificuldade. Afinal, é daqui que o campeão vai sair. Então, tem que elevar o nível, acaba ficando um pouco mais desafiador, um pouquinho mais difícil para os atletas”, contou o arquiteto.
As mudanças para a etapa decisiva foram significativas em comparação à edição de 2024, que também aconteceu na capital paulista, onde Rayssa e Nyjah Houston se sagraram campeões.
“A gente tentou mudar um pouco aquela sessão central, ainda continuou com dois corrimãos, como era, só que agora a pista não está perfeitamente espelhada, como foi no ano passado e em algumas outras edições. A gente tenta fazer esse lance de espelhar para proporcionar a mesma chance de manobra, o mesmo grau de dificuldade para quem anda goofy [canhoto] ou regular [destro]”, falou.
“Nesse ano, embora a gente não tenha feito isso, a gente mudou as escadas de uma maneira que continua sendo desafiador, continua sendo difícil, é uma escada longa, tem bastante degrau.”
Daniel ainda falou sobre as mudanças nos ângulos da pista e a adaptação necessária à geometria do ginásio do Ibirapuera.
“A gente tentou mudar para proporcionar mais manobras técnicas, então ele está num ângulo um pouco mais amigo para a galera mandar manobras mais técnicas e mais difíceis.”
“E o resto da pista a gente adaptou conforme precisava, então tem o start back dos dois lados, que é onde a galera começa a linha. A arena não vai crescer e nem diminuir, então a gente adapta a geometria da pista e a geometria da arena também”, finalizou Oristano.
Reportagem: Gabrielle Botário
Edição: Gisèle de Oliveira






