Só o botafoguense sabe o que ele viveu nos últimos quase 30 anos. Rebaixamentos, apequenamento, motivo de chacota de rivais. Só o botafoguense soube o que foi ser botafoguense neste período traumático. Em 2023 ele viu a cor, sentiu o cheiro e o toque da taça do Brasileiro, mas sentiu de novo o gosto de ser o botafoguense dos últimos trinta anos.
A conquista da Libertadores neste sábado em Buenos Aires vira o rumo da história. O Botafogo humilhado ficou no passado. O Botafogo que surge é o que saiu da pré-Libertadores, passou por dois adversários para chegar na fase de grupos. E na fase de grupos começou mal, mas teve uma reação espetacular e foi avançando até a final. E no primeiro minuto da final viu um dos líderes do time ser expulso por jogada violenta. E foi obrigado a jogar uma PARTIDA INTEIRA com um jogador a
menos.
E aí é que aparece aquele Botafogo que parecia extinto, mas que no passado se constituiu em um dos maiores clubes da história do país. É este Botafogo, com um jogador a menos que fez 2 a 0 no primeiro tempo da final. As imagens da torcida ao término do primeiro tempo são um resumo que valem por mil palavras do que foi ser botafoguense. Homens, mulheres, velhos e crianças chorando numa mistura de comemoração sufocada por uma angústia avassaladora.
O Botafogo sofrido ameaçou reaparecer no primeiro minuto do segundo tempo, quando o Galo diminuiu o placar para 2 a 1. E aí foram mais de noventa minutos do Botafogo gigante, que suportou a pressão para levantar a taça.
Um amigo botafoguense que esteve na Argentina falou, chorando: “Acabou a maldição. Este time amaldiçoado não existe mais”, o que é mais um bom resumo do que foi a jornada gloriosa.
Na dificuldade de encontrar palavras, o mais preciso é dizer que “épico” é pouco. Pela palavra ter sido banalizada ultimamente e porque a conquista do Botafogo, pelas circunstâncias, foi maior do que isso.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BandSports.