Entre as inúmeras faixas estendidas no estádio Nilton Santos uma se destacava: “Ano passado eu morri, mas este ano eu não morro”, trecho da música Sujeito de Sorte, de Belchior, gravada em 1976, ano em que o Botafogo vivia jejum de oito anos sem título, que só foi encerrado em 1989.
Este ano o Botafogo não morreu. O Glorioso ressuscitou de maneira épica e no período de uma semana conquistou os dois títulos mais importantes que um clube brasileiro pode almejar (não conto aqui o Mundial, que é uma consequência da Libertadores).
Não faz tanto tempo que o Glorioso estava fadado a ser um ex-grande. Dívida imensa, quedas para a Série B, e permanecer na Série A parecia ser o máximo possível para o clube que outrora foi um dos maiores do mundo, rivalizando com nada menos do que o Santos de Pelé.
Pois o Botafogo voltou do jeito mais botafoguense possível. Exatamente um ano depois de uma queda vertiginosa no Brasileiro de 2023, que impediu o título nas rodadas finais e reforçou a crença de que o clube estava morto.
Que engano… Uma outra faixa estendida na arquibancada do Nilton Santos dava o recado que só os botafoguenses podiam acreditar tempos atras: “Esperem sentados a rendição. Nossa vitória não será por acidente.”
O Botafogo voltou, jogando com folga o melhor futebol do continente, atropelando rivais poderosos como o Flamengo, derrotado por 4 a 1, ou o Palmeiras, superado dentro de sua casa por 3 a 1. Ou o outro ricaço Atlético-MG derrotado inapelavelmente na final da Libertadores.
Em todo o Brasil apareceram imagens de botafoguenses vibrando com a conquista do Brasileiro, além das imagens de sempre do Nilton Santos. Na final da Libertadores, o que se viu foram botafoguenses chorando um choro de alívio. O que se viu neste domingo, após a vitória por 2 a 1 sobre o São Paulo, foi um choro de confirmação. Está acontecendo.
Um sinal de que o Botafogo está de volta? Pode até ser para os rivais. Para o botafoguense, o Glorioso sempre esteve vivo.
P.S.: Este texto é em homenagem a Haroldo Habib, jornalista botafoguense, morto em 2017 e que merecia ter visto tudo isso de perto.