A delegação brasileira agitou a plateia presente na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. A solenidade, que pela primeira vez aconteceu fora de um estádio e começou às 15h (de Brasília) desta quarta-feira, 28, tomou a histórica avenida Champs-Élysées até a icônica Place de la Concorde, no coração da capital francesa.
O Brasil foi o 21º país a entrar no percurso de aproximadamente 2,5km preparado para o desfile dos atletas. Conduzidos pelos porta-bandeiras Gabriel Araújo, da natação, e Beth Gomes, do atletismo, os atletas brasileiros mostraram animação por todo o trajeto.
Atleta do país convocada para esta missão com mais participações em Jogos Paralímpicos, a nadadora cearense Edênia Garcia, 37, da classe S3 (limitação físico-motora), afirmou que realizou um sonho ao entrar na Champs-Élysées, que passou por um processo de “recapeamento” para ser mais acessível aos cadeirantes.
“A gente trabalha muito para estar aqui. É a realização de um sonho. O ciclo paralímpico é formado por vários atos e os Jogos são o ato final. Eu fico emocionada, porque a gente deixa um marco na história do Brasil e do Movimento Paralímpico. Está tudo muito lindo”, avaliou a atleta, que nasceu com doença de Charcot-Marie-Tooth, também conhecida como atrofia fibular muscular.
Um dos porta-bandeiras do Brasil, o nadador mineiro Gabriel Araújo, 22, também é um dos 14 atletas do país que já podem disputar medalha nesta quinta-feira, 29. Às 4h59 (de Brasília), ele nadará as eliminatórias dos 100m costas da classe S2 (limitação físico-motora) e, se avançar, fará a final às 18h. Nessa prova, ele ficou com a medalha de prata nos Jogos Paralímpicos de Tóquio-2020, mas é o atual bicampeão mundial.
“Estou muito feliz e honrado É um momento único e uma emoção muito grande. Meu treinador [Fábio Antunes] sempre pensa com antecedência. Sempre nos antecipamos às situações e já estava no meu planejamento participar da abertura, independentemente de nadar no dia seguinte ou não. E uma oportunidade como essa não tem como recusar. É um sonho estar vivendo tudo isso”, disse Gabriel, que nasceu com focomelia, doença que impede a formação de braços e pernas.
“Muita emoção em poder representar toda a nação brasileira, entrar na avenida mais famosa do mundo e abrir os Jogos Paralímpicos de Paris 2024. Até me belisquei para entender se era verdade mesmo. É um presente de Deus saber que nosso trabalho está dando certo. É um sonho de todos os atletas estar aqui. Nunca deixem de sonhar, porque seus sonhos podem se tornar realidade”, completou Beth Gomes, 59, que disputará as provas de arremesso de peso e lançamento de disco na classe F53 (cadeirantes). Ela foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993, quando era jogadora de vôlei convencional.
*Com Comitê Paralímpico do Brasil