Rafael Câmara conquistou no domingo, 3, na Hungria, o título da Fórmula 3 de forma incontestável. Após uma vitória dominante sob chuva no circuito de Hungaroring, o brasileiro assegurou a taça com uma etapa de antecedência e uma vantagem confortável de 48 pontos sobre o vice-líder, Mari Boya.
Apesar de sua trajetória sólida nas categorias de base e de integrar a Academia Ferrari de Pilotos desde 2021, Câmara reconheceu que não previa uma estreia tão forte na F3.
“Não, claro que não. Quero dizer, foi uma grande surpresa. Acho que depois de toda a preparação que fizemos, obviamente você sempre quer vencer e sempre entra em um campeonato pensando que pode vencer, que vai lutar pelo o que puder. Mas eu não esperava começar como começamos na Austrália”, confessou o piloto de 20 anos.
A campanha do brasileiro começou com um abandono na sprint race em Melbourne, mas logo na corrida principal ele respondeu com vitória, a primeira de quatro triunfos aos domingos, todos largando da pole.
Câmara brilhou nos treinos classificatórios, com cinco pole positions em nove rodadas, desempenho igualado apenas por Luca Ghiotto em 2015. Essa consistência, no entanto, o colocava no meio do grid para as corridas sprint, devido à inversão dos 12 primeiros no grid, dificultando a conquista de pontos no sábado. Com isso, o desempenho nas sprints foi discreto, com apenas 18 pontos somados.
O pernambucano reconhece que esse desempenho em qualificação foi um de seus principais trunfos. “A única coisa que é um pouco diferente na Fórmula 3 em comparação com as outras categorias é que você tem um tempo muito limitado [de pista]”, explicou. “Às vezes, você nem está totalmente no limite no treino classificatório […] Mas entender onde está o limite e ser rápido logo de cara é um ponto forte para mim.”
“Sempre nas primeiras corridas já tínhamos um bom ritmo — e quando você começa já com um bom ritmo, é muito mais fácil configurar o que o carro precisa para melhorar […] É mais simples saber o que você precisa fazer em cada corrida e acho que é por isso que o treino classificatório tem sido tão bom”, avaliou Rafa.
A estatística dos domingos é impressionante: Câmara somou 138 de 226 pontos possíveis nas corridas principais — muito acima dos 83 de Boya e dos 67 de Tim Tramnitz. A força nas provas longas, aliada à excelência nos treinos, construiu uma temporada praticamente sem rivais, exceto por alguns percalços como o abandono em Mônaco e um erro estratégico em Silverstone.
Agora, com o título garantido e o nome em alta no paddock, o pernambucano volta sua atenção à Fórmula 2. Seguir os passos de Charles Leclerc, George Russell, Oscar Piastri e do compatriota Gabriel Bortoleto — campeões consecutivos na F3 e F2 — é o desafio da vez.






