A comparação poderia ser com Lewis Hamilton, mas hoje preciso falar sobre Carlos Sainz e Lando Norris. A diferença na postura entre eles é gritante.
Hamilton poderia ser o comparativo, pois vai ocupar uma vaga na Ferrari, o lugar do Sainz em 2025. Mas ele é heptacampeão mundial, o maior recordista de vitórias, o detentor dos maiores números na história. Depois de tentar, entende-se a certa apatia com a qual encara seu último ano na Mercedes. Sugeriu, inclusive, a mudança de posição entre George Russell e ele.
Sainz, como quem quer um emprego em 2025, tem andado muito bem. Aproveitou o abandono de Max Verstappen na Austrália e não deu chances aos adversários. Mesmo fora no GP da Arábia Saudita por causa da apendicite, está no quarto lugar na classificação e, mantendo esse ritmo, vai terminar à frente de Charles Leclerc, com uma corrida a menos.
Seria uma vitória e tanto para Sainz, dispensado da Ferrari, ser o cara nessa temporada. Mas o compromisso do espanhol é em entregar o máximo possível a cada final de semana, por isso está 3 a 0 para ele em corridas e 2 a 1 em classificação, mesmo diante de um rápido Leclerc, que tem a volta rápida como seu ponto forte.
Norris tem um contrato de múltiplos anos, uma McLaren meio mais ou menos, que não parece ser tão competitiva quanto aquela da metade final do último ano. De certo modo, entendo o quanto pode ser frustrante entrar em uma temporada almejando vitórias e estar longe disso - claramente, Red Bull e Ferrari estão à frente em 2024.
Não dá para dizer que Norris não dá 100%, mas tenho a impressão de que não. Já disse isso no passado, a sensação é que falta ser um pouco mais "marvado", esbravejar no rádio ao notar que a estratégia não está ok - foi o caso do Japão, quando foi chamado após 12 voltas usando os pneus duros para marcar Russell. Voltou atrás e ainda perdeu a posição para Leclerc.
No final das contas, Norris nos deixa a impressão de que está tudo bem. Foi assim em 2023, quando teve chances de vencer e faltou aquele "a mais".
Muita gente ainda fala que Norris se resignava quando a disputa era contra Verstappen e a Red Bull muito superior, mas lembro que em Singapura a disputa foi contra Sainz.
Isso me faz acreditar cada vez menos em um Norris campeão do mundo. Esse tipo de piloto é aquele inquieto, que vai buscar o detalhe do detalhe. Não parece que é o caso do Norris.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Bandsports.