Ainda em 2023, poucas semanas após encerrar a temporada em que Max Verstappen simplesmente colocou um campeonato de vantagem sobre todo mundo, escrevi aqui dizendo que Sergio Pérez não havia aprendido nada com o tempo dele na Red Bull. O mexicano havia dito que a meta de 2024 seria brigar pelo título.
Pois bem, como naquela vez, digo que Pérez tem o direito de falar o que quiser, mas é nítido o quanto o holandês é superior a ele — Verstappen está em uma prateleira entre os maiores de todos os tempos. Em condições de carros iguais, vai sobrar, como tem sobrado em 2024. Vai ser tetracampeão e a Red Bull vai levar nos construtores.
Mas, dessa vez, digo que, ao que parece, Pérez entendeu algo. Não se escuta mais o mexicano dar entrevista de que vai buscar Verstappen, que vai brigar pelo título. Não inflama a apaixonada torcida de sua país e nem os fazem acreditar que tem condições reais disso. Apenas uma situação excepcional o fará lutar pelo campeonato. Como foi com Eddie Irvine em 1999, que manteve as chances da Ferrari, mas só após Michael Schumacher ficar fora de parte da temporada após fraturar a perna em acidente em Silverstone.
Logo, Pérez não cria uma pressão interna e nem traz para si algo que o coloca em uma situação desconfortável. Parece ter aceitado que é o segundo piloto e que seu papel é estar ali em segundo. Sendo assim, corre leve, corre solto, fica no segundo lugar e garante as dobradinhas da Red Bull, o resultado perfeito para o final de semana.
Com um RB20 melhor que o RB19, ele tem tudo para ser o vice-campeão, caso siga dessa forma. Pode até beliscar mais do que as duas vitórias de 2023 — em Baku, onde casou muito bem com a pista, é até favorito. Nas demais, mais difícil, mas acredito que pode ganhar em outras praças sem essa pressão.
E como as coisas na Fórmula 1 são muito dinâmicas, como foi no caso Lewis Hamilton com a Ferrari, Pérez passa a ser o favorito a ficar na Red Bull. Ok, com o caos interno, pode nem estar pensando em 2025 — os dirigentes nem sabem se ficam, quem estará por lá em 2025 —, mas o desempenho atual é favorável ao mexicano.
Não somente por ele, mas a tendência natural de sucessão viria da Racing Bulls. O favorito da cúpula, tanto de Christian Horner quanto de Helmut Marko, é Daniel Ricciardo, mas o australiano vem tendo um desempenho muito apagado na temporada. Yuki Tsunoda, ainda espólio da Honda, deve dar linha quando a Ford chegar — isso se não for antes. Talvez, bem talvez, arriscando um Liam Lawson. Carlos Sainz? Existe uma possibilidade, assim como certas rusgas entre as partes.
O fato é que, ao menos na dupla de pilotos, as coisas estão indo bem. E parece que não faz sentido para a Red Bull mexer nesse vespeiro, com tantos outros que foram cutucados este ano.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Bandsports.