A rotina do campeão mundial e finalista olímpico do arremesso de peso Darlan Romani tem sido de muito trabalho. Ele pega a estrada em direção a São Paulo, desde Bragança Paulista, no interior, toda segunda-feira e volta na sexta, depois de dedicar toda a semana aos exercícios de recuperação da cirurgia na coluna que o tirou da Olimpíada de Paris-2024.
Em entrevista durante a COB Expo, no estande da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), Darlan comentou como tem sido o trabalho diário para sua recuperação – há pouco mais de dois meses da operação – com a campeã mundial do salto com vara e fisioterapeuta Fabiana Murer e o treinador Elson Miranda.
“A Fabiana e o Elson abriram as portas para mim. Eu precisava fazer uma reabilitação mais longa, trabalhar a recidiva da minha cirurgia. Tem de ser um trabalho muito bem feito para aguentar o próximo ciclo e para a vida. Tive muitas oportunidades, de fazer a recuperação em Uberlândia, em Pelotas, mas eu preciso estar perto da minha família. Passo o fim de semana com as meninas [suas filhas Alice e Helena e a mulher, Sara]”, contou Darlan
O atleta ainda destacou que Elson está em contato constante com o médico que o operou, passa feedback “para o profe”, o treinador cubano Justo Navarro, e “para o Montanha”, Wagner Domingos, ex-lançador de martelo, agora treinador.
“A gente conseguiu montar uma parceria muito bem feita”, disse Romani, que também revelou que Fabiana Murer ainda treina e Elson sempre propõe a ele fazer os mesmos exercícios que ela faz. “Aí não dá. Vamos com calma!”, brincou. “Tem sido superlegal, eu não tenho nem como agradecer o que têm feito por mim.”
Catarinense de Concórdia, Darlan, de 33 anos, disse que não pensou em parar, mesmo diante da dificuldade da cirurgia e recuperação. Antes da lesão, vinha cogitando “tirar o pé”, fazer um ciclo mais tranquilo no primeiro ano e depois mais forte nos últimos três anos. “Mas a partir do momento que o médico indicou a cirurgia… eu falei: ‘estou abrindo mão de Paris-2024, mas não vou abrir mão de Los Angeles-2028 de maneira alguma’”, lembrou ele.
“Vai ser um ciclo em que estou me dedicando 300% novamente mais uma vez porque eu ainda quero a medalha olímpica para todos que sempre estão juntos, treinador, equipe, CBAt, COB, família, para quem torce”, completou Darlan, que tem o apelido de Sr. Incrível, referência ao personagem do desenho animado.
Darlan pediu dispensa da Seleção Brasileira no dia 23 de julho. Após o Troféu Brasil, em São Paulo, no fim de junho, o atleta viajou para um camping de treinamento em León, na Espanha. Mas retornou ao Brasil em 19 de julho por causa de dores na região lombar, depois de passar por tratamento fisioterápico e medicamentoso, sem sucesso.
Ele sofreu uma recidiva de uma hérnia nas vértebras L4 e L5, na região lombar, que já foi tratada com correção cirúrgica há três anos e meio, antes dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Darlan então precisou de nova cirurgia, o que impediu sua participação em Paris, que seria a sua terceira Olimpíada.
Darlan pertence à melhor geração de arremessadores que o mundo já viu. Ele foi campeão mundial indoor em 2022, duas vezes finalista olímpico, com o quarto lugar nos Jogos de Tóquio e o quinto na Olimpíada do Rio, quarto no Mundial de Doha-2019, bicampeão pan-americano (Lima-2019 e Santiago-2023), recordista sul-americano (22,61 m) e pan-americano (22,07 m).
*Com Confederação Brasileira de Atletismo