Juan Martín del Potro vai se despedir oficialmente do tênis na próxima semana em um jogo de exibição contra Novak Djokovic, em Buenos Aires. O argentino de 36 anos é um dos tenistas mais talentosos dos últimos tempos, mas não conseguiu se manter em alto nível por muitos anos por causa das graves lesões que sofreu. Antes do adeus definitivo, Delpo explicou detalhes dos problemas físicos enfrentados ao longo da carreira e revelou que passou até por “cirurgias secretas”.
“Ninguém sabia disso, mas no dia seguinte ao meu último jogo contra o Delbonis [em 2022], peguei um voo para a Suíça e fiz a minha quinta cirurgia no joelho. Desde então, nunca mais tornei as minhas cirurgias públicas, pois encontrei um pouco de paz na coletiva de imprensa antes daquela partida contra o Federico, ao dizer que provavelmente aquele seria o meu último jogo. As pessoas pararam de me perguntar constantemente quando é que eu voltaria a jogar”, comentou o tenista em um vídeo emocionante de 11 minutos publicado em suas redes sociais.
“Fiz todo esse processo secretamente e, se funcionasse, anunciaria que voltaria. Fiquei dois meses na Suíça, em uma vila perto de Basileia tentando reabilitar-me e não funcionou. Depois de dois meses e meio… fiz a minha sexta operação. Voltei para os Estados Unidos. Mais reabilitação, mais de 100 injeções em todos os lugares. Infiltrações… sofrimento diário. Tem sido minha vida desde aquela partida contra o Federico”, continuou.
Del Potro comentou que passou a conviver com as dores após a primeira cirurgia, em junho de 2019, e desde então tem enfrentado um “pesadelo”. Além dos problemas no joelho, o argentino também sofreu com seguidas lesões no punho.
“Quando fiz minha primeira cirurgia em junho de 2019, o médico me disse que eu voltaria a jogar em três meses. Eu até me inscrevi em três torneios indoor no final do ano. Desde aquele momento, nunca mais consegui subir escadas sem dor. Dói quando dirijo, dói muitas vezes quando vou dormir. Tem sido um pesadelo sem fim”, lamentou.
“Tudo começou com aquela primeira cirurgia. Cada vez que penso nisso, ainda fico emocionado. Sinto-me péssimo. A minha vida cotidiana não é o que eu gostaria que fosse. Não posso jogar futebol, não posso jogar padel. É terrível”, desabafou. “Tiraram-me a oportunidade de fazer o que eu mais amava, que era jogar tênis. É muito difícil. Há momentos em que não tenho mais forças. Não sou indestrutível. Tenho coisas boas, coisas ruins, mas na maioria das vezes tenho que fingir e colocar uma cara boa, mas muitas vezes sinto-me péssimo. Todos os dias quando acordo tenho que tomar seis ou sete comprimidos. Protetores gástricos, anti-inflamatórios, um para ansiedade. Os comprimidos fizeram-me ganhar peso e tive de parar de comer algumas coisas.”
O campeão do US Open de 2009 disse que passou ao todo por oito cirurgias no joelho e pensa até na possibilidade de colocar uma prótese para melhorar a qualidade de vida.
“Uma coisa são as pedras que podem aparecer no caminho, como as lesões que podem afetar todos os atletas, mas a outra coisa é a dor emocional. Eu me senti tão poderoso ao enfrentar esses obstáculos, mas depois de tudo o que já vivi entendi que não sou assim tão forte. Aquele joelho me derrotou. Eu fiz oito cirurgias, com médicos de todo o mundo. Todas as vezes em que me davam anestesia eu esperava que o problema fosse resolvido, depois de dois ou três meses eu ligava sempre para os médicos para lhes dizer que a cirurgia não funcionou”, revelou.
“Há médicos que me dizem que eu posso colocar uma prótese e recuperar alguma qualidade de vida. Mas outros dizem que sou muito jovem para uma prótese. Eles falam para eu esperar até os 50 anos. Mas… desde os meus 31 anos que não consigo correr, não consigo subir escadas, não consigo chutar uma bola, nunca mais joguei tênis. Preciso esperar mais 15 anos? É terrível. Espero que isto acabe um dia. Porque eu quero voltar a viver a minha vida sem dores”, finalizou o ex-top 3 do ranking da ATP.