O Brasil teve sete atletas em ação no Stade de France neste domingo, 4, para as disputas do atletismo. E quem deixou a pista com o sorriso mais largo foi Eduardo de Deus, dos 110m com barreiras. Terceiro na bateria e com o 10º tempo geral, 13s37, ele avançou às semifinais, que serão disputadas na próxima quarta-feira. O mais animador: ele garante que tem boa margem para uma performance ainda melhor.
Eduardo cruzou atrás do japonês Rachid Muratake (13s22) e do espanhol Enrique Llopis (13s28). O mais veloz desta manhã na prova foi o americano Grant Holloway (13s01), que disputou a quinta bateria.
“Combinei com o meu treinador para fazer uma prova bem tranquila na qualificação. Não era uma bateria que tinha candidatos muito fortes, que pudessem me fazer mais força, então dei uma controlada, uma corrida de classificação mesmo. Estou muito feliz com o resultado e espero repetir a minha melhor marca, ou até melhorar, para passar para a final”, disse o barreirista.
O brasileiro também demonstrou alívio pois dormiu pouquíssimas horas antes da estreia.
“Eu estava muito ansioso antes da prova, não consegui dormir hoje. Acho que fui dormir umas 3 horas da madrugada e acordei às 5 horas. Como é a primeira qualificação, o primeiro tiro, a gente fica um pouco preocupado, um pouco ansioso para ver como vai ser. Mas agora quebrou o gelo. Vou descansar e vir preparado para a semifinal.”
Eduardo poderá ter a companhia do compatriota Rafael Pereira. Na terceira bateria, Rafael cravou 13s47, melhor marca dele na temporada. Voltará à pista nesta segunda-feira em busca da vaga na semifinal.
Três brasileiras também vão à repescagem
Além de Rafael, Lorraine Martins e Ana Carolina Azevedo, nos 200m feminino, e Chayenne da Silva, nos 400m com barreiras, terão uma segunda chance. Lorraine e Ana ficaram em oitavo em suas baterias, com 23s68 e 23s37, respectivamente. A primeira ainda avaliará se correrá novamente, uma vez que disputou os Jogos no sacrifício.
“Foi longe do que eu esperava. Estava treinando para correr 22s, mas infelizmente, tem uns cinco dias que eu voltei a sentir a dor de uma lesão que eu tive no ano passado. Então eu estava há 4 dias sem conseguir trotar, sem conseguir fazer nada. Quem me acompanha sabe que no ano passado eu me lesionei e optei por não fazer cirurgia para tentar vir para os Jogos. Meu médico falou que eu ia ter que aguentar dor. Eu optei de fato por sentir dor. Sei que vai ter horas que meus outros músculos vão ser sobrecarregados e eu vou acabar tendo lesão em outros lugares. Saio de cabeça erguida”, disse Lorrane.
Chayenne terminou a bateria dos 400m com barreiras em sétimo, com 56s52. Muito consciente sobre as falhas de execução que teve, está esperançosa para a segunda oportunidade.
“Quando aqueci a primeira barreira achei a pista muito boa. Eu sabia que tinha que fazer 15 passadas até a quinta barreira e consegui, estava muito fácil, estava me sentindo bem na prova. Mas acho que na minha cabeça fiquei ansiosa, repiquei a sétima barreira e dei um passo a mais. As barreiras são que nem uma dança, são passos certos. Eu errei e acabei tendo que improvisar. Quando eu erro vira uma surpresa. Ainda assim não me senti muito quebrada, achei que estava ainda na prova”.
Outros dois brasileiros também competiram neste domingo mas já se despediram de suas respectivas disputas. Tatiane Raquel da Silva correu na mesma bateria da recordista mundial dos 3.000m com obstáculos, a queniana Beatrice Chepkoech. Fez a melhor marca dela na temporada, um 9m33s96, mas foi apenas a décima da tomada, enquanto apenas as cinco primeiras passavam à final.
“A tática sempre foi fazer o melhor da vida, independente de quem estivesse na prova, para tentar a final. E mesmo assim sabia que poderia ficar de fora. Foi isso que eu tentei fazer hoje. Saiu o melhor da temporada, mas não saiu o melhor da vida. Foi uma temporada atípica, eu sofri um pouco com as lesões, vim buscando ao longo da temporada me recuperar o máximo. Ainda tem um pouco de resquício da lesão, mas isso não interferiu hoje na prova. Eu acho que foi mais o dia mesmo, que não estava tão 100%.”
Lucas Marcelino, do salto em distância, também foi muito consciente em sua entrevista. A marca para a classificação direta era 8,15m, e o brasileiro tinha como melhor resultado no ano um 8,04m. Assim, decidiu arriscar e usar bastante a tábua, mas acabou queimando as três tentativas.
“Quando a gente vai bem, a gente não arruma justificativa porque foi bem, a gente só quer usufruir do momento. Mas quando a gente vai mal, tem que ter personalidade e reconhecer que foi mal. Infelizmente não foi possível e os outros atletas foram melhores do que eu, simples assim, e não tem desculpas. Eu poderia ter entregado mais, mas não foi possível”.
*Com Comitê Olímpico do Brasil