O jeito sincero e autodepreciativo de Lando Norris pode estar fornecendo munição para os rivais na briga pelo título da Fórmula 1. Esta é a opinião de Martin Brundle, ex-piloto da categoria e repórter da Sky Sports.
Norris tem o hábito de fazer comentários pouco gentis a seu respeito, no rádio da equipe ou até mesmo para a imprensa, quando comete um erro ou algo não corresponde às expectativas dele. Foi o que aconteceu no fim de semana, quando ele bateu sua McLaren no início do Q3 para o GP da Arábia Saudita e chamou a si próprio de “idiota”. Esse comportamento já havia acontecido no Bahrein, quando, também na classificação, lamentou a sua falta de desempenho e se considerou “desorientado”.
Mesmo quando era o líder do mundial de pilotos, Lando chegou a dizer que “não sabia como estava liderando o campeonato”.
Para Brundle, esse tipo atitude pode acabar minando o britânico mentalmente e alimentando seus rivais diretos no momento, seu companheiro de equipe, Oscar Piastri, e Max Verstappen, da Red Bull. Ainda mais depois da vitória de Piastri em Jeddah, que levou o australiano a ultrapassá-lo e assumir a liderança da competição com 99 pontos, dez a mais que Lando.
“Você precisa treinar sua mente também. Acho que o problema com Lando é que ele usa palavras muito pesadas emocionalmente, como: ‘Não tenho a mínima ideia’ ou ‘É como se eu nunca tivesse pilotado um carro de Fórmula 1 antes. Eu o admiro por isso. É assim que ele faz. É isso que o faz funcionar. Ele se critica à sua maneira, mas faz isso abertamente”, comentou Brundle.
“Essas palavras realmente emotivas são captadas pela mídia, por pessoas como nós e, mais importante, alimentam seus rivais”, completou o ex-piloto.
Lando já falou abertamente sobre saúde mental, tema que está cada vez mais em discussão entre os esportistas das mais variadas modalidades. Brundle, no entanto, acredita que a F1 ainda seja um terreno pouco fértil para esse tipo de cuidado.
“Você treina seu corpo incansavelmente. Por que não treinaria sua mente? Mas não há dúvidas sobre isso, mesmo quando Roman Grosjean foi o primeiro piloto — não faz muito tempo — a admitir que tinha um psicólogo esportivo, neste ramo isso é visto como uma fraqueza, e provavelmente ainda é, até certo ponto”, lamentou Brundle.