O Flamengo entra em campo no Maracanã nesta quarta-feira para o primeiro jogo da semifinal da Libertadores contra o Racing. Vivíssimo na luta pelo título brasileiro e pertinho da decisão do torneio continental, o clube luta para conseguir feito que só ele mesmo e o Botafogo conquistaram na história do futebol do Brasil: ganhar os dois títulos mais importantes em disputa no mesmo ano.
Este dado dá a dimensão do momento histórico que vive o clube. Nunca na história do futebol brasileiro houve um domínio tamanho de um time sobre a imensa maioria dos adversários. Seu principal oponente vem sendo o Palmeiras, que, de novo é o adversário a ser batido no Brasileiro e o provável rival na final da Libertadores. Fazendo uma comparação com outro esporte, Flamengo e Palmeiras equivalem a Ayrton Senna e Alain Prost, que dominaram a Fórmula 1 no final da década de 1980 e início dos anos 1990 com uma colossal distância sobre os outros.
A vitória do Flamengo sobre o Palmeiras no fim de semana escancarou ainda mais virtudes como o talento de Arrascaeta e Pedro e revelou uma nova faceta do time comandado por Filipe Luís: saber jogar sem ter a posse de bola o tempo todo.
Hoje contra o Racing, o cenário será outro: o Fla provavelmente terá o controle das ações e precisará fazer um bom placar em casa para ir ao estádio do rival semana que vem em situação menos desconfortável. Contra o Estudiantes não conseguiu e por muito pouco não ficou pelo caminho na competição.
Naquela ocasião, questões de arbitragem foram reclamadas (com razão) pelo Flamengo e ali surgiu pela primeira vez um Filipe Luís até então desconhecido: o que reclama da arbitragem, assim como fazem todos os outros treinadores, jogadores e cartolas do futebol brasileiro. Depois da partida contra o Palmeiras pelo Brasileiro, este “novo” Filipe Luís se apresentou com ainda mais clareza, ironizando o fato de que palmeirenses reclamaram da arbitragem (também com razão) na partida.
Houve um espanto geral, afinal, a nova imagem não correspondia ao que sempre demonstrou ser o treinador, uma figura diferente no meio dos iguais.
Rubro-negros se apressaram em defender seu soldado, dizendo que o treinador não pode ser o único anjo no inferno que é o futebol brasileiro. Se for assim (e parece que será), críticas a Abel Ferreira ou a qualquer outro que faça o que sempre fez não podem ser mais feitas. E assim, a gente vai cavando um pouco mais fundo o buraco moral do futebol brasileiro.
Impossível terminar este texto sem registrar a absolvição em primeira instância na Justiça de TODOS os acusados pelo incêndio no Ninho do Urubu que arrancou a vida de dez jovens da base do clube em fevereiro de 2019. Eles morreram queimados.
A pergunta, com gigantesca dose de tristeza é: será que estamos diante pela primeira vez na história de um crime sem culpado?
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BandSports.






