O sujeito mais gelado e desinteressado por futebol que ligou a TV e viu na tela Inter de Milão x Barcelona parou, sentou-se no sofá, foi se envolvendo e só conseguiu se desconectar do que via quando o árbitro apitou o fim da partida.
A Inter avançou à final da Liga dos Campeões após eliminar o Barcelona na prorrogação com uma sucessão de acontecimentos que poderiam se transformar em um filme. Os italianos abriram 2 a 0. Os catalães empataram e viraram o jogo para 3 a 2, e quando caminhavam para a classificação épica a Inter empatou de novo nos momentos finais do tempo normal. Na prorrogação, o time de Milão fez mais um e garantiu sua vaga na decisão.
Yann Sommer, goleiro da Inter, fez uma série de milagres ao longo do confronto e aí é que percebemos ingredientes da partida que contribuíram muito para emocionar até o mais indiferente espectador. O goleiro suíço não tentou ganhar tempo com cera em nenhuma intervenção. Defendia, se levantava e colocava a bola em jogo novamente.
Em comparação com o que acontece no Brasil, estamos falando de dois esportes diferentes. Aqui, goleiros da grande maioria dos times entendem uma grande defesa, mais do que evitar gol do rival, como também uma forma de ganhar tempo. Defesas muitas vezes simples provocam “dores terríveis” e o jogo não anda.
Até o último segundo da prorrogação em Milão os dois times tentaram fazer gol. O árbitro deixou o jogo correr, contribuindo para o espetáculo que se viu. No Brasil, acontece um fato curioso em qualquer partida depois dos 30 minutos: uma verdadeira epidemia de câimbras em vários jogadores do time que está ganhando.
Mais dinheiro, mais jogadores talentosos, times mais bem treinados, palcos maravilhosos. Tudo isso transforma um jogo de Liga dos Campeões em algo muito distinto do que se vê no Brasil, mas o respeito ao jogo e a pouca malandragem também são muito importantes nesta equação.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BandSports.