O Brasil conquistou o melhor resultado da história em um Mundial de Esqui Alpino nesta sexta-feira, 14, em Saalbach, na Áustria. Lucas Pinheiro Braathen terminou a prova do slalom gigante na 14ª colocação e estabeleceu um novo recorde para desempenho de brasileiros na modalidade em competições desse nível. Até então, o melhor resultado do País havia sido o 24º lugar na prova do combinado de Francisco Giobbi em 1966, em Portillo, no Chile. No entanto, se formos considerar os resultados após a organização dos esportes de neve no Brasil, com a criação da Confederação Brasileira de Desportos na Neve (CBDN) em 1989, o melhor desempenho havia sido o 33º lugar de Jonathan Longhi, em 2009. Apesar do grande feito, Lucas disse queria ir ainda mais longe.
“Foi um dia pesado. Eu queria tanto trazer essa bandeira para o topo do pódio hoje, mostrar para todo mundo aqui que nós, brasileiros, estamos nesse esporte para ter sucesso, mas não consegui hoje. Vou continuar a trabalhar. Temos uma nova oportunidade no domingo [quando será a final da prova de slalom]. Muito obrigado por toda a ajuda de quem torceu por mim e todo amor que eu senti daqui, no meu coração. Vou trazer esse amor e essa energia para domingo e vamos dançar juntos”, disse após a prova o atleta que é filho de pai norueguês e mãe brasileira.
Outro que foi muito bem na disputa do primeiro Mundial foi Giovanni Ongaro. O jovem esquiador de 21 anos, filho de pai italiano e mãe brasileira, conseguiu cumprir seu objetivo para a prova que era ficar entre os 60 melhores na primeira descida para ter a chance de fazer a segunda. Ele largou na posição 76 e terminou com o 44º melhor tempo entre todos os 100 competidores, recuperando 32 posições.
“Foi uma prova muito difícil porque larguei depois de muitos atletas e precisei manter um nível muito alto o tempo todo, o que foi complicado. Mas consegui me classificar para a segunda descida e adquiri uma boa experiência para o restante da competição”, comentou Ongaro.
Para Anders Petterson, presidente da CBDN, que acompanhou o desempenho dos brasileiros de perto, os esportes de neve e de inverno de uma maneira em geral só têm a ganhar com uma participação brasileira histórica como essa no Mundial de Esqui Alpino.
“Eu avalio de uma maneira muito positiva essa participação brasileira até aqui, estamos bastante satisfeitos. É um dia histórico para todos nós, brasileiros. Ambos são muito jovens e podem participar de, pelo menos, mais dois ciclos olímpicos. Não tenho dúvida de que eles têm muito esqui ainda para mostrar e muita felicidade para dar para o Brasil num futuro não muito distante”, declarou Petterson.
Agora, as atenções dos brasileiros se voltam para a prova de slalom. Enquanto Giovanni Ongaro e Christoph Brandtner irão disputar a qualificatória neste sábado, 15, Lucas já está com a cabeça na decisão, que será realizada no domingo, 16. O slalom é a prova em que o brasileiro conquistou os melhores resultados na temporada.
Das três medalhas dele no circuito mundial desde que começou a defender o Brasil, duas (Kitzbüehel, na Áustria, e Adelboden, na Suíça) vieram no slalom e uma (Beaver Creek, nos Estados Unidos) no slalom gigante. Ele ainda possui dois quartos lugares no slalom em etapas da Copa do Mundo (Val d’Isere, na França, e Levi, na Finlândia). No Mundial de 2023 em Courchevel, na França, ele terminou a prova de slalom na sétima colocação, quando ainda competia pela Noruega.
“No domingo será a minha prova favorita. É a que mais parece uma dança, o slalom é mais rápido. Então, conto com a torcida de todos os brasileiros. Me ajudem, me acompanhem, torçam por mim porque eu vou dançar para vocês. Vamos juntos”, completou Lucas.
A primeira descida da fase classificatória do slalom será realizada neste sábado, 15, a partir das 5h e a segunda, às 9h (horário de Brasília) na montanha Hochalm. Já a final será disputada no domingo, 16, com a primeira descida a partir das 5h45 e a segunda, às 9h15.
*Com Comitê Olímpico do Brasil