Depois da eliminação na Libertadores e a derrota em casa para o Ceará pelo Campeonato Brasileiro, surgiu um movimento dentro da torcida do São Paulo que foi batizado de “Morumbi zero”. O objetivo é que nos jogos do time o público seja o mais próximo possível do zero. Em outras palavras, ninguém mais vai ao Morumbi em protesto contra a diretoria que vive seu pior momento desde a eleição de Julio Casares.
Ainda sem uma campanha estruturada, o público na partida contra o Ceará não foi zero, mas foi o pior da década: apenas 12.342, baixíssimo para um clube que se acostumou a pelo menos colocar 30 mil no estádio nos últimos anos.
A alegação de quem defende o “Morumbi zero” é que esta é a única forma de mudar a estrutura política do São Paulo, incomodar quem está no poder e, por fim, ver o rumo do clube mudar.
Muita gente que merece total respeito embarcou nesta campanha e aqui, democraticamente, discordo frontalmente.
“Morumbi zero” não pode ser uma opção por vários aspectos. O mais concreto é o fato de que menos público significa menos receita. Menos receita para um clube que está tentando a duras penas equilibrar suas contas é um tiro no pé.
Sob outro olhar, o “Morumbi zero” representa, para mim, o contrário de torcer. Tente achar um significado claro para o verbo “torcer” e você falhará se escolher as palavras amar, aderir, compactuar, cooperar, abraçar, apoiar. Torcer pode ser tudo isso junto, mas jamais separadamente.
O que leva um sujeito a sair de casa, gastar dinheiro, ir ao estádio, gritar, se emocionar e voltar sem voz (e muitas vezes sem os três pontos) não é apenas paixão, mas algo mais forte do que isso, como uma necessidade irracional.
Racionalizar o torcer é simplesmente não torcer.
O São Paulo nos últimos anos viu sua torcida mudar de perfil. Uma frase que repito (e que sempre me foge o nome do brilhante autor) é: “QUANDO O SÃO PAULO PASSOU A TER O PIOR TIME, DESCOBRIU QUE TEM A MELHOR TORCIDA”.
Foi na fase ruim que se estende há pelo menos 15 anos que o torcedor se mostrou um apaixonado que faz qualquer coisa pelo São Paulo sem querer nada em troca. Assim, salvou o clube do rebaixamento em algumas ocasiões, conseguiu vitórias e raras conquistas em outras. Desta forma o torcedor do São Paulo fez parte de tudo.
Torcer é fazer parte sempre. Virar as costas não pode ser uma opção.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do BandSports.






