Os Estados Unidos negaram os vistos da seleção cubana feminina de vôlei e, com isso, a equipe não poderá disputar o Final Four da Confederação da América do Norte, Central e Caribe de Voleibol, em Porto Rico. Ao todo, 16 pessoas receberam a negativa do governo norte-americano, sendo 12 atletas, dois técnicos, um árbitro e um gerente de equipe.
O torneio – que acontece 16 a 21 de julho – conta com a participação das seleções do México, Costa Rica e Porto Rico. Sem Cuba, a equipe de Trinidad e Tobago vai disputar a competição.
“É extremamente lamentável e frustrante essa situação [vistos negados], ainda mais por repetir um padrão que já vimos em outros esportes, como o basquete. A ausência de Cuba, uma potência histórica do vôlei do nosso continente, mancha o espírito competitivo que tanto valorizamos”, afirmou César Trabanco, presidente da Federação Portorriquenha de Voleibol.
O chanceler de Cuba, Bruno Rodríguez Parrilla, se posicionou em suas redes sociais e afirmou que a decisão “faz parte de uma lista racista e xenófoba de restrições migratórias elaborada pelo secretário de Estado” norte-americano.
Atletas cubanos de diferentes esportes têm enfrentado dificuldades para disputar competições nos Estados Unidos desde o início do segundo mandatado do presidente Donald Trump. Ainda neste ano, 12 atletas também tiveram seus vistos negados e não puderam participar do Mundial de Atletismo Indoor, em Gainesville, na Flórida. O mesmo se repetiu com a seleção masculina de basquete, que ficou fora da Copa América.
A Federação Cubana de Voleibol emitiu um comunicado criticando as decisões do governo norte-americano e destacando um comportamento “injusto e discriminatório” do país, além de levantar uma dúvida de como será esse posicionamento para os Jogos Olímpicos de Los Angeles-2028.
Veja o comunicado oficial da Federação Cubana de Voleibol:
A Federação Cubana de Voleibol informa que a Embaixada dos Estados Unidos em Havana negou vistos a todos os membros da delegação que representaria Cuba no torneio feminino Norceca Final Four, a ser realizado em Porto Rico, de 16 a 21 de julho. Seus 16 membros (12 atletas, dois técnicos, um árbitro e um gerente de equipe) foram notificados nessa sede diplomática, à qual a solicitação foi apresentada de acordo com os prazos estabelecidos para tal processo.
Esse procedimento, contrário aos compromissos inerentes à responsabilidade assumida pelos países anfitriões de eventos esportivos internacionais, impede a presença de Cuba em uma competição que faz parte da rota de qualificação para os Jogos da América Central e do Caribe em Santo Domingo em 2026 e que soma pontos para a Norceca e para o ranking mundial.
Trata-se de uma posição injusta e discriminatória, alheia aos princípios do esporte, que se soma ao que já aconteceu até agora neste ano contra delegações de outras modalidades, e que aumenta as incertezas sobre o que pode acontecer no futuro em relação à conduta do país que sediará os Jogos Olímpicos em 2028.
Agradecemos os muitos esforços feitos pelos organizadores, a quem informamos sobre o ocorrido.