A Seleção Brasileira de tênis em cadeira de rodas vive duas expectativas antes dos Jogos Paralímpicos de Paris-2024. A primeira é pelo próprio evento, que acontecerá de 28 de agosto a 8 de setembro na capital francesa. A segunda é pela estreia em um dos palcos mais emblemáticos do tênis mundial: Roland Garros.
Local de disputa de um dos Grand Slams da modalidade – conjunto dos quatro principais torneios da temporada -, o Estádio Roland Garros vai receber as partidas de tênis em cadeira de rodas durante os Jogos de Paris. Dos quatro tenistas brasileiros convocados, apenas o catarinense Ymanitu Silva, 41, já disputou partidas nas quadras de saibro mais famosas do mundo, nas quais, inclusive, já foi vice-campeão em duplas. À oportunidade, em 2022, ele subiu ao pódio ao lado do australiano Heath Davidson.
“É um prazer competir em uma edição dos Jogos Paralímpicos no templo sagrado de Roland Garros. É uma sensação muito gostosa jogar naquelas quadras para nós, que somos brasileiros e temos Guga [ex-tenista Gustavo Kuerten, tricampeão do Grand Slam francês no tênis convencional] como inspiração. Os caminhos, ali, a gente já conhece. Agora, é esperar pela estreia”, disse o atleta, do ICC-SC e da classe Quad (para tenistas que também têm limitações nos membros superiores). Ele ficou tetraplégico após sofrer um acidente de carro em 2007.
Experiente em Roland Garros, Ymanitu disse aos seus companheiros de Seleção que eles encontrarão o melhor saibro que já jogaram na vida. “Não tem nada igual no mundo. Além da energia que há no lugar. Tudo isso faz com que estes Jogos sejam ainda mais especiais”, definiu o catarinense.
Além do vice-campeonato no Grand Slam francês, Ymanitu participou de outro momento histórico para o tênis em cadeira de rodas brasileiro. Também no ano retrasado, ele, Leandro Pena e Augusto Fernandes conquistaram o bronze inédito por equipes na Copa do Mundo da modalidade – o melhor resultado do país no ciclo paralímpico para Paris. O mineiro Leandro Pena também estará nos Jogos na capital francesa.
Além dos dois, o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) convocou os também mineiros Daniel Rodrigues e Gustavo Carneiro, ambos do Praia Clube-MG. “É emocionante imaginar que estarei jogando em Roland Garros. Para mim, é uma felicidade enorme. Foi onde o Guga fez o seu nome. Como brasileiro, fico muito feliz em poder competir lá. O Ymanitu me disse que a quadra é um tapete e que eu não preciso me preocupar. Se ele falou isso, é porque é bom mesmo”, concluiu Daniel, 37, que nasceu com má-formação na perna direita (20 centímetros menor do que a esquerda).
Todos os quatro tenistas chegarão a Paris com status de medalhistas parapan-americanos. Em Santiago, Chile, no ano passado, Leandro e Ymanitu foram prata das duplas quad, enquanto Gustavo e Daniel também ficaram com o vice-campeonato nas duplas masculinas open. Leandro e Daniel ainda conquistaram bronze no individual em suas respectivas categorias.
A Seleção Brasileira de tênis em cadeira de rodas chegou à aclimatação em Troyes, a cerca de 160km de Paris, no último dia 18. Os tenistas estão hospedados no município junto às equipes de atletismo, badminton, goalball, natação, remo, taekwondo, tênis de mesa, vôlei sentado, canoagem e futebol de cegos.
O Brasil será representado por 280 atletas, sendo 255 com deficiência, de 20 modalidades nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024. É a maior delegação brasileira já anunciada para uma edição dos Jogos fora do Brasil. Antes, a maior equipe nacional era de 259 convocados ao todo em Tóquio 2020. Já o recorde de participantes do país foi nos Jogos do Rio 2016, ocasião em que o Brasil sediou o megaevento e contou com 278 atletas com deficiência em todas as 22 modalidades já classificadas automaticamente.
Ao fim da aclimatação na região de Aube, onde fica Troyes, terão passado 216 atletas de 13 modalidades (atletismo, badminton, canoagem, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cegos, goalball, judô, remo, natação, taekwondo, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas e vôlei sentado) pelo local.
*Com Comitê Paralímpico do Brasil