Mais um enorme título para uma carreira vitoriosa. Assim pode ser definida a homenagem que o técnico tricampeão olímpico José Roberto Guimarães recebeu na noite desta quarta-feira, 11, no Prêmio Brasil Olímpico 2024 (PBO), realizado no Vivo Rio, no Rio de Janeiro. Vencedor do icônico Troféu Adhemar Ferreira da Silva, Zé Roberto não conteve a emoção ao agradecer a honraria.
“É um enorme prazer estar aqui recebendo essa honraria. O Adhemar Ferreira da Silva é um dos maiores ícones do nosso esporte, trouxe valores muito importantes. Agradeço muito por ser o 23º a receber esse troféu. Quero agradecer ao COB, sempre muito perto em todos os momentos, à Confederação Brasileira de Vôlei, aos meus pais que não estão mais aqui presentes, mas onde quer que estejam estão felizes por mim, e às minhas filhas, minha família, dona Alcione [esposa] que sofre comigo no voleibol há 55 anos. Essa é a minha vida, dedicada ao esporte, e quero continuar dessa forma”, declarou um emocionado Zé Roberto.
Destinado a personalidades do esporte que representam os valores marcantes na carreira e na vida do bicampeão olímpico no salto triplo, o Troféu Adhemar Ferreira da Silva chega a seu 23º condecorado e, neste ano, homenageou um dos maiores treinadores do mundo. José Roberto, de 70 anos, dedica sua vida ao vôlei e possui no currículo nada menos que cinco medalhas olímpicas como treinador, a maioria com a Seleção Brasileira feminina de vôlei. Até o momento, foram três ouros (Barcelona-1992, com a seleção masculina, Pequim-2008 e Londres-2012, com a feminina), uma prata (Tóquio-2020) e um bronze (Paris-2024), e quatro medalhas em Campeonatos Mundiais, sendo três pratas (Países Baixos/Polônia-2022, Japão-2010, Japão-2006) e um bronze (Itália-2014).
Para além das conquistas, o treinador carrega consigo os predicados apontados como fundamentais aos vencedores do Troféu Adhemar Ferreira da Silva. Valores como ética, eficiência técnica e física, esportividade, respeito ao próximo, companheirismo e espírito coletivo são expressões que marcam também a carreira de Zé Roberto, que há 21 anos serve à Seleção Brasileira feminina de vôlei.
Ex-atleta da seleção masculina, Zé também participou dos Jogos Olímpicos na posição de levantador na edição de Montreal-1976. Pouco mais de uma década depois, quando parou de jogar, assumiu a posição de assistente técnico de Bebeto de Freitas na seleção masculina de vôlei. Desde então, são mais de 30 anos dedicados à modalidade, inclusive com o projeto dele de formação de atletas no Barueri Vôlei.
Sarah Menezes, Francisco Porath e Arthur Elias são os treinadores do ano
Outros três técnicos brasileiros foram premiados na noite. Sarah Menezes, do judô, e Francisco Porath Neto, da ginástica artística, levaram os troféus de melhores treinadores de modalidade individual, enquanto Arthur Elias, do futebol, foi eleito melhor treinador de modalidade coletiva.
Sarah Menezes, de 34 anos, foi uma judoca de sucesso vestindo as cores do Brasil e possui o resultado histórico de ter sido a primeira campeã olímpica da modalidade do País na edição de Londres-2012 na categoria até 48kg. Dona de três medalhas em Mundiais de judô enquanto atleta, Sarah se tornou treinadora da Seleção Brasileira feminina em 2021. O ponto alto da carreira como técnica foi justamente nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, quando ela comandou Bia Souza na conquista do ouro (categoria +78kg), Larissa Pimenta no bronze (categoria até 52kg) e auxiliou a equipe mista a levar a medalha de bronze. Com esse resultado, Sarah se tornou a primeira judoca brasileira campeã olímpica como atleta e como técnica.
“Recebi com alegria enorme esse prêmio e me sinto muito honrada. Há 14 anos eu estava neste prêmio recebendo o troféu de melhor atleta, com 19 anos, e fiquei muito feliz. Hoje, sendo treinadora, tendo um excelente resultado em Paris-2024, e receber esse prêmio é mais uma grande conquista da minha carreira. É importante dizer que essa homenagem não é só para mim, mas também para as meninas, porque foi através dela que eu consegui esse feito”, ressaltou Sarah.
Sarah Menezes recebe o troféu de melhor treinadora individual | Crédito: Divulgação/COB/Alexandre Loureiro
Francisco Porath, ou apenas Chico, 44 anos, é o principal treinador da Seleção Brasileira feminina de ginástica artística, que nos Jogos Olímpicos de Paris conquistou quatro medalhas, sendo o bronze por equipes, e o ouro no solo e prata no individual geral e no salto com Rebeca Andrade. Chico é treinador de Rebeca desde 2006 e foi peça fundamental na construção da hoje maior atleta olímpica do Brasil, com seis medalhas olímpicas conquistadas (2 ouros, 3 pratas e 1 bronze).
“Este ciclo foi muito vitorioso para a gente e tudo foi resultado de um planejamento bem feito. Estou aqui representando a ginástica nesse prêmio e quero agradecer a toda a minha equipe. Hoje temos um modelo da ginástica do Brasil, copiado por outros países, que vêm visitar o nosso CT. Estou muito feliz e já pensando, claro, no próximo ciclo. Temos 2025 para planejar com calma e novos objetivos serão traçados”, pontuou Francisco.
Francisco Porath recebe o troféu de melhor treinador individual | Crédito: Divulgação/COB/Alexandre Loureiro
Já Arthur Elias é o comandante da seleção feminina de futebol, que garantiu a medalha de prata em Paris-2024. Arthur, de 43 anos, assumiu a seleção em setembro de 2023 e em menos de um ano levou o time à final olímpica, 16 anos depois da medalha de prata em Pequim-2008. Multicampeão em suas passagens por clubes brasileiros, como o Corinthians, Arthur Elias agora vem construindo a sua história à frente da Seleção Brasileira feminina.
“Essa Olimpíada foi das mulheres e com elas conquistamos essa medalha histórica com a seleção feminina, igualando mais uma vez o melhor resultado da história. Uma premiação como essa é gratificante e numa modalidade coletiva como o futebol ela representa o trabalho de tantos profissionais que estiveram na Olimpíada e o grupo fantástico de atletas”, concluiu Arthur.
Arthur Elias recebe o troféu de melhor treinador coletivo | Crédito: Divulgação/COB/Alexandre Loureiro
*Com Comitê Olímpico do Brasil