Acostumado com os altos e baixos da carreira de um tenista, Bruno Soares analisou a semana de João Fonseca no Rio Open e destacou que a derrota para Alexandre Müller na estreia servirá como aprendizado para o jovem de apenas 18 anos.
O carioca chegou empolgado ao torneio em casa após a grande conquista do ATP 250 de Buenos Aires, mas sentiu o nervosismo e foi superado logo na primeira rodada. O dono de seis títulos de Grand Slams em duplas citou as falas de Alexander Zverev sobre a euforia em torno de Fonseca e afirmou que o prodígio brasileiro vai se desenvolver com o tempo.
“Lição aprendida, experiências novas. Tudo para ele é muito novo. Acho que o Zverev foi muito feliz em sua colocação, dizendo que temos que dar tempo ao tempo. A equipe do João tem que se preocupar com o processo e tudo está muito redondo, estão fazendo um grande trabalho. No processo evolutivo como um todo, ele está brilhando, tem 18 anos e está em uma curva maravilhosa de crescimento”, disse o ex-tenista.
“Ele vai jogar mais uns 15 Rio Open pela frente, provavelmente vai ser campeão e também pode perder na primeira rodada outras vezes. O que aconteceu aqui é supernormal. O Fino [Fernando Meligeni] descreveu muito bem: ‘foi mais um dia na vida de um tenista’. Chega um pouco cansado, chega com desgaste e, querendo ou não, ele não conseguia descansar tão bem quando está aqui porque tem muita coisa para fazer”, acrescentou.
Bruno comentou ainda que João precisará aprender a lidar com a pressão de jogar em casa e revelou que também já sentiu na pele a dificuldade de brilhar diante da torcida. O mineiro encerrou a carreira com três títulos do antigo Brasil Open, mas nunca conseguiu conquistar o Rio Open em oito participações.
“Ele vai ter que se acostumar com isso, mas é cansativo. Ele foi lá, não desempenhou seu melhor e segue o baile. Se você me perguntar se eu sentia uma pressão maior do que em grandes torneios, eu vou responder que não. O que eu sentia aqui era uma vontade extra que eu acabava colocando uma pressão maior em mim mesmo e acabei não ganhando”, explicou Soares.
“João é duplamente da casa, porque mora a poucos minutos daqui [Joquey Club Brasileiro]. Acho que pra ele é um sonho como ganhar um Masters 1000. É uma ansiedade maior do que em Grand Slam, até porque Grand Slam eu jogava quatro por ano e Rio Open era apenas um. Tinha todos os meus amigos e família aqui. Aconteceu de ganhar o Brasil Open e depois que ganhei a primeira a pressão diminuiu, aqui se tivesse ganhado a primeira talvez tivesse duas ou três vezes”, afirmou.
Apesar da pouca idade, João já começou a se consolidar no calendário da ATP e é o melhor tenista brasileiro ranqueado entre os homens. Na visão de Bruno, ele tem tudo para liderar uma nova geração ao lado de Beatriz Haddad Maia, que integra o top 20 do ranking da WTA.
“Acho que o Brasil está em um momento muito legal. Ele, junto da Bia, vai liderar um movimento muito bacana que o tênis está, provavelmente o melhor momento do tênis [brasileiro]. Temos chance daqui uns quatro ou cinco anos, com Naná e Victória chegando, a Bia e João ainda aí, além dos dois Thiagos que ainda são relativamente novos. Felipe Meligeni e [Gustavo] Heide, é um momento muito legal no tênis”, finalizou.