Espanha e Brasil se enfrentaram em amistoso nesta terça-feira em Madri. Foi um jogo movimentado, com muitas falhas defensivas de parte a parte, uma arbitragem ruim e o placar final de 3 a 3. Mas o mais relevante aconteceu na véspera.

Foi na segunda-feira que Vinicius Júnior se sentou sozinho à mesa para uma entrevista coletiva com a sala de imprensa lotada. E a cada pergunta, precisou revisitar o ritual de humilhações a que é submetido em gramados espanhóis.

Forte como sempre, respondeu de cabeça erguida, mas em certo momento até os mais fortes sentem. E chorou por mais de uma vez.

Durante a coletiva falou que muitas vezes não tem vontade de jogar sabendo que será discriminado de forma racista. Mas prometeu que não vai sair da Espanha porque isso será uma vitória dos racistas. Em outras palavras, ele não vai desistir de sua luta.

Em outro momento, disse sentir particularmente quando é xingado por crianças. Porque "criança não sabe o que está fazendo".

A luta de Vinicius Júnior contra o racismo é das coisas mais impressionantes que o futebol mundial tem assistido. Uma luta solitária, porque não tem apoio da liga em que joga, da grande parte de seus companheiros e de boa parte da torcida espanhola (exceto torcedores do Real Madrid, seu time).

Coincidência ou não (talvez pela pressão que tenha vivido), Vinicius Júnior teve atuação discreta contra a Espanha e acabou substituído.

O começo de trabalho de Dorival tem trazido um frescor que parecia perdido na Seleção Brasileira. Por enquanto uma vitória e um empate. Mas o mais importante desta data-Fifa é o que tem enfrentado Vinicius Júnior fora de campo e que ficou mais claro para todo mundo agora.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Bandsports.