Depois de colocar o Brasil na final dos Jogos Olímpicos de Paris no lançamento do dardo após 92 anos, Luiz Maurício da Silva já vislumbra os próximos desafios da carreira. O mineiro se prepara para as disputas do calendário 2025 em etapas da Diamond League, o nobre circuito de provas da World Athletics, no meio do ano, e no Campeonato Mundial de Tóquio, de 13 a 21 de setembro. E também já está de olho no ciclo olímpico até Los Angeles-2028 e, quem sabe, entrar no seleto grupo que lança acima de 90 metros.
A ambição cabe e a inspiração vem do que fez nos Jogos Olímpicos de Paris e dos seus resultados no lançamento do dardo na temporada que terminou. Aos 24 anos, alcançou a 11ª colocação nos Jogos Olímpicos de Paris-2024, com a marca de 80,67 m, no Stade de France, depois de fazer o resultado de 85,91 m, recorde brasileiro e sul-americano, na qualificação e avançar em sexto lugar. Luiz já era o detentor dos recordes desde o Troféu Brasil, em 30 de junho, quando havia feito 85,57 m, índice olímpico.
Luiz Maurício começou no atletismo no Cria UFJF, projeto de extensão da Faculdade de Educação Física e Desportos da Universidade Federal de Juiz de Fora, sua cidade natal, aos 11 anos. Em 2020, quando a universidade fechou por causa da pandemia, recebeu o convite para treinar na Escola de Educação Física do Exército (EsEFex), no Rio de Janeiro, com o técnico Fernando Barbosa de Oliveira.
O lançamento do dardo no Brasil foi uma prova que evoluiu muito nos últimos anos, especialmente pelos resultados do manauara Pedro Henrique Nunes e de Luiz Maurício, no adulto, e de Arthur Curvo, no sub-20.
Veja o que Luiz Maurício falou, sobre o balanço de 2024 e a final olímpica e o que planeja para competir no circuito mundial. Já tirou férias e já voltou aos treinamentos de base desde o seu retorno de Paris, em agosto.
Um 2024 especial – “Foi um ano com oscilações no começo, antes do Ibero-Americano. Acreditava que ali já sairia um PB (personal best), porém não estava saindo. Foi um ano de muita resiliência, tanto nos treinamentos quanto na adaptação para a sequência de competições que, até o último GP, tiveram tempo de recuperação curto, mas o resultado se manteve. Tive uma boa experiência, fizemos uns ajustes para uma melhor marca, abri mão da temporada na Europa, para evitar o cansaço e apostar as fichas no Troféu Brasil, que seria a última competição pré-Jogos, e deu tudo certo. Graças a Deus eu consegui fazer a minha melhor marca, consequentemente o tão sonhado índice para as Olimpíadas. E lá conseguir avançar para a final, com o melhor resultado possível.”
O que ficou de lição de Paris – “Segurar a emoção, principalmente por estar com os melhores, com atletas que eu sempre acompanhei – eu postava vídeos das pessoas que estavam competindo comigo. Desde que eu cheguei na pista de treinamento, de aquecimento, tive que conter a emoção, não deixar tomar conta de mim. Antes da competição não fiz nenhuma tietagem, de tratar a todos eles como ídolos. Foi de igual para igual e, principalmente, por saber da dificuldade de chegar até lá e focar em fazer o melhor resultado da vida lá na competição. E deu tudo certo. Lá eu treinei 100% e entreguei todo o meu empenho para que chegasse na qualificação e conseguisse o meu melhor lançamento.”
Brasil no mesmo nível do mundo – “Quando eu avancei para a final na sexta posição eu olhei para o telão e pensei: ‘é muito bom’. Mas na final o mental pesou um pouco. Quando chama o nome e você entra lá numa final olímpica é fantástico, é mágico, é único. Eu estava na Olimpíada, que é o máximo, junto com o recordista mundial, uma das experiências mais diferentes que tive. Minha primeira final numa competição grande, e logo em Olimpíada num nível alto – uma das finais mais fortes da história no lançamento do dardo. O quarto lugar, com 88 metros, ganharia medalha em outras Olimpíadas (Arshad Nadeem, do Paquistão, conquistou o ouro com 92,97 m, recorde olímpico; o indiano Neeraj Chopra a prata, 89,45 m, e o granadino Anderson Peters garantiu o bronze, 88,54 m). Ter essa competição muito forte e muito intensa te prepara, para o próximo Mundial e também para o ciclo olímpico de quatro anos até Los Angeles-2028.”
Entrar para o circuito mundial – “Já chegamos no alto rendimento e agora vem a parte mais difícil, que é se manter no alto rendimento, competir a Diamond League, estar nos grandes eventos que reúnem os principais atletas do Ranking Mundial. A principal ideia é se consagrar no nível mais alto do atletismo e quem sabe ‘beliscar’ uma medalha nas próximas competições… Diamond League, Mundial, Olimpíadas… Seria muito importante.”
*Com Confederação Brasileira de Atletismo