A conquista da medalha de prata de Isaquias Queiroz na canoagem de velocidade dos Jogos de Paris-2024 teve importante participação do técnico Lauro de Souza Júnior, o Pinda. Foi nele que o canoísta pensou ao dar a arrancada sensacional nos últimos 250m do C1 1000m, para sair da quinta posição para o pódio, o quinto do baiano de 30 anos em Olimpíadas.
Substituto do lendário espanhol Jesús Morlán, técnico que revolucionou a canoagem de velocidade brasileira e faleceu em novembro de 2018, Pinda indicou a tática para o seu comandado momentos antes da decisão na raia de Vaires-sur-Marne, a 30km da capital francesa: acreditar na força e velocidade de Isaquias no trecho final da prova.
“Lembrei do que o Pinda me falou que eu que tenho a melhor subida no final”, contou Isaquias.
O treinador explicou que o desempenho do seu atleta ficou aquém do projetado nos primeiros três quartos da decisão e celebrou o sprint fantástico.
“Não estava nos planos ficar tão longe da cabeceira da prova, a gente queria estar mais à frente, mas eu pedi para o Isaquias seguir a intuição dele, tentar marcar a prova, mas seguir sua intuição, porque a gente chega rápido. E a minha palavra que falei para ele é que ninguém tinha uma troca igual a dele, ninguém tinha um final igual ao dele aqui nessa pista”, comentou o técnico.
A cumplicidade entre Isaquias e Pinda tem a bênção de Jesús, de quem o atual técnico era auxiliar nos treinamentos na mineira Lagoa Santa, a 30km de Belo Horizonte. Certeza disso é que o multimedalhista olímpico citou os dois ao falar sobre a busca incessante pela prata em Paris.
“Eu tirei gás de onde não tinha ali. Eu estava quase em quinto e pensei que não tinha mais como passar ninguém ali. Subi e arrisquei tudo, achei que daria. Se eu passasse o Zakhar Petrov [russo competindo pelos Atletas Individuais Neutros], eu ganharia a medalha. Era só segurar até o final, e é como o Jesús falava, e como o Pinda fala, no final só solta a remada, não tem mais força, não tem mais braço, é só soltar a remada e deixar o barco andar. Acabei soltando bastante e consegui a medalha de prata, que é um grande feito para mim”, explicou o canoísta.
Atleta masculino brasileiro com mais medalhas olímpicas ao lado dos ex-velejadores Robert Scheidt e Torben Grael – eles estão atrás apenas de Rebeca Andrade com seis –, Isaquias fez questão de agradecer a Pinda.
“A gente treinou bastante, o Lauro passou tudo certinho. E eu sou muito grato ao Lauro pela confiança e todo o trabalho que ele fez nos últimos meses”, finalizou o baiano depois de mais um pódio olímpico.
*Com Comitê Olímpico do Brasil