A cada temporada, a Fórmula 1 se renova com jovens talentos ansiosos para deixar sua marca na história do automobilismo. Em 2025, cinco novatos chegam ao grid com diferentes trajetórias, mas com um objetivo em comum: provar que merecem um lugar na elite do esporte.
Seja pela ascensão meteórica nas categorias de base, pela ligação com academias de grandes equipes ou pela persistência após anos de trabalho, esses pilotos enfrentam agora o maior desafio de suas carreiras. Quem são eles? O que podemos esperar de suas estreias? Quais são os pontos fortes e fracos de cada um? Conversamos com os comentaristas do BandSports Tiago Mendonça e Ricardo Molina para projetar o início da caminhada dos estreantes na categoria máxima do automobilismo mundial!
Gabriel Bortoleto
Campeão da Fórmula 3 e da Fórmula 2 em seus anos de estreia, Gabriel Bortoleto é o responsável por recolocar o Brasil no grid da F1 depois de sete anos de ausência. Apesar de chegar em alta após igualar o feito de Charles Leclerc, George Russell e Oscar Piastri na base, o jovem piloto de 20 anos deve ter muito trabalho na Sauber, que foi a última colocada no Mundial de Construtores do ano passado e já está de olho em 2026.
“Nos testes [de pré-temporada], ficou bem claro que o Bortoleto tem nas mãos o pior pacote da Fórmula 1 com o carro da Sauber. Não teve um grande desenvolvimento e nem terá porque é uma equipe que está focando muito no projeto a partir do ano que vem com a Audi. O grande objetivo dele é ficar perto do [Nico] Hülkenberg e superá-lo em algumas situações, e acho que ele tem total potencial para isso, mostrou nos testes”, afirmou Tiago.
Molina destacou a grande preparação em torno de Bortoleto para finalmente chegar ao palco mais cobiçado do automobilismo e reforçou a opinião de que a principal meta para o ano de estreia é tentar superar seu experiente companheiro de equipe.
“É um garoto que vem sendo preparado há muito tempo. E isso a gente vê no desempenho dele no kart. Tropeçou um pouco no começo das Fórmulas, mas quando chegou na Fórmula 3 se assentou. Na Fórmula 2 mostrou ainda mais preparo, um equilíbrio emocional como poucos”, pontuou Molina. “Preparo físico, preparo mental, apoio, autoconfiança. Tudo que existe de mais moderno no mundo do esporte, termos de neurolinguística, tudo foi aplicado nesse moleque.”
“Agora, ele vai pegar um dos pilotos mais experientes do grid, que tem mais de uma década nesse meio. Se o Bortoleto tiver cabeça e humildade, vai aprender muito com o Hülkenberg, mas é um cara difícil de ser batido. E é isso que o Bortoleto tem que fazer. Se preocupar em bater o Hülkenberg. Ele está num dos piores carros do grid, não tem como aspirar muito mais do que isso”, analisou.
Pontos fortes: Capacidade de aprendizado | Supera erros com rapidez | Equilíbrio emocional | Preparo físico
Pontos de alerta: Lidar com a pressão | Tecnologia

Kimi Antonelli
O italiano Andrea Kimi Antonelli estreia na Fórmula 1 com a missão de comprovar seu potencial como uma das maiores promessas da nova geração e ainda terá a responsabilidade de ocupar a vaga deixada pela lenda Lewis Hamilton na Mercedes. Aos 18 anos, o pupilo da escuderia alemã seguiu um caminho pouco convencional, saltando a Fórmula 3 e tendo uma passagem discreta pela Fórmula 2 no último ano, o que gera dúvidas sobre sua prontidão para o desafio na categoria máxima do automobilismo.
“Antonelli é quem está sujeito ao maior risco. Ele chegou aí, na minha opinião, cedo demais”, opinou Molina. “O Toto Wolff não esperava a saída do Hamilton. Ele esperava que o Hamilton se aposentasse na Mercedes, mas o cara resolveu ir embora e ele teve que acelerar o desempenho do garoto. Ele é rápido, ele tem um talento natural muito grande. Mas, eu não o vejo com o mesmo equilíbrio emocional e o mesmo preparo físico que o Bortoleto.”
A oportunidade em uma equipe de ponta, no entanto, pode ajudar o novato italiano. “Gostei do Antonelli dos testes. Teve uma performance interessante, sempre próximo do George Russell, andou relativamente bem, então a minha aposta é que ele tenha um bom ano”, comentou Mendonça. “Agora, ele é vendido como um talento fora série, e não foi o que a gente viu na Fórmula 2. Vamos ver se ele consegue lidar melhor com essa pressão, e o fato de ter nas mãos um bom carro também ajuda.”
Pontos fortes: Talento natural | Confiança da equipe
Pontos de alerta: Despreparo | Inexperiência

Oliver Bearman
Em crescimento na Fórmula 1 sob o comando de Ayao Komatsu, a Haas apostou em Oliver Berman após as saídas de Kevin Magnussen e Nico Hülkenberg. O britânico na verdade já não é tão novato assim, já que fez corridas na F1 na temporada passada substituindo Carlos Sainz na Ferrari e o próprio Magnussen no time norte-americano. Apesar da grande responsabilidade, ele ignorou a pressão e pontuou em duas das três provas, se credenciando para conquistar a cobiçada vaga como titular aos 19 anos de idade.
Tiago Mendonça acredita que o britânico é a grande aposta da Ferrari para o futuro e destacou a facilidade dele em lidar com a pressão. “Tirando o Bortoleto, acho que ele é o melhor. O Bearman é um cara que tem muito potencial, acho que a Ferrari já enxergou isso e continua dando apoio a ele”, analisou. “Eu acho que ele é a grande aposta da Ferrari para depois do Lewis Hamilton.”
Assim como Bortoleto, Bearman vai enfrentar uma dura concorrência interna em seu ano de estreia. Ele terá como companheiro o francês Esteban Ocon, que costuma dar trabalho ao companheiros de equipe, dentro e fora das pistas.
“O Ocon é um cara muito forte. É um cara que ganhou corrida na Alpine. É um cara que fez frente ao Alonso”, relembrou Molina. “Então, o Berman tem que fazer a mesma coisa que o Bortoleto. Se comparar com o companheiro de equipe, estudar os dados de telemetria, os resultados, tentar aprender e tentar bater o Ocon.”
Pontos fortes: Velocidade | Resultados já mostrados | Confiança
Pontos de alerta: Inconsistência | Pressão

Isack Hadjar
O franco-argelino Isack Hadjar ficou com uma das últimas vagas para a temporada 2025 da Fórmula 1. Com a saída de Liam Lawson para a Red Bull, o atual vice-campeão da Fórmula 2 assumiu a vaga ao lado de Yuki Tsunoda na Racing Bulls e precisará mostrar muito trabalho para permanecer na categoria máxima do automobilismo.
“O Hadjar é um cara que teve uma carreira muito conturbada, ele não venceu nenhum campeonato na carreira inteira dele. É um cara bastante instável, também emocionalmente, então acho que vai enfrentar uma temporada difícil”, analisou Mendonça. “Acredito que ele ocupa uma vaga meio tampão, porque a aposta da RB para o futuro é o Arvid Lindblad. Acho que o Hadjar era o cara certo no lugar certo, vai ocupar essa vaga, mas não é um cara que me chama a atenção, que eu não vejo por muito tempo na Fórmula 1, não.”
Na visão de Ricardo Molina, lidar com a questão mental será o maior desafio do novato. “Ele é rápido? Sim. Não é um dos mais rápidos que eu já vi, mas ele é rápido. Mas ele não tem equilíbrio emocional nenhum. Zero. Esse é o ponto que ele precisa começar a aprender. Não é nem evoluir. Na Fórmula 3, ele tinha explosões, na Fórmula 2 continuou tendo explosões. Minha expectativa é que ele ‘tome um pau’ do Tsunoda.”
Pontos fortes: Talento natural | Supera os erros rápido
Pontos de alerta: Zero preparo psicológico | Temperamento explosivo

Jack Doohan
“Talvez seja o mais fraco dos cinco.” Dessa forma Ricardo Molina resumiu o novato Jack Doohan, que estreia na Fórmula 1 pela Alpine. O australiano de 22 anos não tem grandes resultados nas categorias de acesso e contou com uma boa dose de sorte para entrar no grid.
“Eu diria que é um piloto mediano. Não sei por que foram graduar o rapaz. Não mostrou grande coisa na Fórmula 2. Pode ser a primeira e última chance dele de estar numa categoria top. Porque digamos que essa chance foi um baita presente”, analisou Molina.
Já Mendonça chamou a atenção para a troca no comando da equipe logo após a confirmação de Doohan como titular e destacou que esse fato pode comprometer o futuro dele na F1. Outro problema pode ser a presença do promissor Franco Colapinto como piloto reserva do time francês.
“O Doohan tirou a sorte grande, mas ao mesmo tempo está sob muita pressão. Essa vaga dele caiu do céu, ninguém falava do Doohan. De repente ele era o reserva da Alpine, aí Ocon vai embora, não tem outro nome no mercado e colocam o Doohan. E isso em um momento em que a Alpine estava se reestruturando. Agora ele entra com o Oliver Oakes e o Flavio Briatore, que são caras que já demonstraram que vão dar um apoio limitado a ele. Então, ele vai precisar mostrar muito serviço para poder ficar com essa vaga”, comentou Tiago.
Ponto forte: Personalidade
Pontos de alerta: Pressão | Ausência de velocidade
